A POESIA DE SALOMÃO SOUSA

Geraldo Lima

Nascido em Silvânia, GO, em 1952, Salomão Sousa reside em Brasília desde 1971, onde exerce a profissão de jornalista. Já publicou vários livros de poesia, entre eles A moenda dos dias/O susto de viver (Ed. Civilização Brasileira, 1980); Criação de lodo, 1993, DF; Estoque de relâmpagos (Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, 2002, DF); Ruínas ao Sol (Prêmio Goyaz de Poesia, Editora 7 Letras, 2006) etc.
A poesia de Salomão Sousa, no livro Ruínas ao Sol, que apresento aqui, é marcada pelo rigor formal e pelo lirismo intenso. Desse modo, a carga racional que o poeta despende na elaboração dos poemas não esvazia a tensão do discurso que expõe as fraturas do ser. Ao contrário, amplia-a. Embora a presença da morte e de outros elementos negativos seja constante nesses poemas, o eu lírico não cessa de apontar para um futuro de vitórias: “as carnes prontas para a paz e a vitória/Para trás as esterqueiras da incerteza/e as ameaças das quadras da secura” (pág. 14). Como bem assinalou o poeta Ronaldo Costa Fernandes, “... Ruínas ao sol é um livro em que a visão otimista se sobrepõe à visão derrotista”.
Outro elemento a se destacar nesses poemas de Ruínas ao Sol é a presença de imagens que nos remetem ao ambiente rural, interiorano, criando um clima de bucolismo. Mas não há nisso traço algum de provincianismo ou conservadorismo. A poesia de Salomão Sousa mescla o tom elevado, de extremo refinamento estético, com elementos prosaicos, cotidianos, como em “Não morram os gomos/no desalinho do chavascal/Venha o casco de uma mula/a boca de uma lebre” (pág. 47). E é nisso que está contida a sua modernidade.

Um comentário:

Janaina Cruz disse...

Quando algum dia fizer nascer o meu livro de poesias, queria ter uma descrição como essas enriquecendo a minha obra...

Fernando Py (Petropolis)