terça-feira, 27 de março de 2007

Por Rachel Moura

Não sei nenhuma teoria literária para explicar os poemas do meu amigo Salomão Sousa. Contudo, creio que a poesia pode e deve ser uma janela pela qual vemos e experimentamos o mundo. Nesse sentido, meu ser entende muito bem quando Salomão diz que há “uma noite de pensamento”. Por que será? Talvez seja porque ainda haja “um sol longínquo” ou por que temos profundos motivos para “iludir a morte, “para tecer o corpo” e, ainda, “motivos para sedas nos casulos”.
Também compreendo as infinitas tempestades do eu expostas nas palavras de Salomão: de amor, ódio, conflito, que surgem nas estrofes como arrebatadoras de algo. Tempestades essas que nos levam a navegar no dia-a-dia, ou que às vezes não aparecem: “a tempestade não veio”. Podem também retornar aos desertos, e então é por isso que ficamos a sombra?
Deparo-me, por fim, pelo convite de “sair da sombra das ruínas”, desejar o sol e deixar vir “ao sol as ruínas da pele”, sendo alguém em que “vivo de me mudar de caminhos” para finalmente concordar com o que diz Salomão “navego num mundo sem prumo e sem nauta”.
Em suma, li, reli, naveguei, e por isso viajei, no entanto efetivamente naufraguei. Sobretudo, caminhando olhos e pensamentos pelas estrofes (sua escrita difícil até me deu algum trabalho, mas já me acostumei) fiz sombras ao mesmo tempo em que as desfiz. Isso tudo foi resultado da beleza que é o livro Ruínas ao Sol de Salomão Sousa.

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